É possível uma festa de Micareta Ecológica, e logo em Jacobina?
A tradicional micareta de Jacobina, nos últimos dois anos vem trazendo uma temática pra festa, seguindo o modismo do ambientalismo contemporânea, que muito se prega, mas que pouco se faz. A festa do ano passado (2010) teve como tema "Micareta Ecológico", esse ano é "Micareta com Ecologia". Uma questão vem me perturbando na escolha desses temas, a discordância clara entre o que é praticado no município pela preservação e valorização do meio ambiente, e a escolha do tema da Micareta.
Vejamos alguns pontos contraditórios nesse discurso demagogo. A festa realizada pela prefeitura se propõe a ser a "primeira micareta ecológica do mundo", mas ai vem à questão, é possível fazer uma festa desse nível e dizer que é ecológica? E ainda mais em Jacobina? Uma festa que produz toneladas de lixo, que, aliás, na cidade não é reciclado, vai para o lixão a céu aberto, ainda tem os trios elétricos queimando litros e mais litros de óleo diesel, emitindo gás carbônico, pura poluição para a cidade, além da poluição sonora dos carros de sons e das barracas que escancaram o som na maior altura, como é de praxe na cidade, e tudo se passa em brancas nuvens, com tanta poluição e ainda dão como tema da festa de "Micareta Ecológico".
A ridicularidade da escolha do tema é vergonhosa, em uma cidade em que o esgoto é jogado dentro dos dois rios que a cortam, as "otaridades" que estão à frente do poder público municipal promovem uma festa de cuja temática é "micareta com ecologia". Além disso, nos últimos anos no município de Jacobina, surgiram denúncias de crime ambiental cometidos pela mineração que funciona no município e a prefeitura municipal tem feito o que? As contradições são inúmeras, os casos são vários de descaso dessa gestão com o meio ambiente, bastamos lembrar o caso mais recente dos cortes de árvores realizados pela prefeitura nas ruas da cidade. A comicidade desse discurso, me fez lembrar as crônicas humorísticas construídas pelo jornalista Sergio Porto na década de 60, reunidas no FEBEAPÁ – Festival de Besteira que Assolá o País, como escreveu o jornalista "é difícil ao historiador precisar o dia que o Festival de Besteira começou a assolar o País". E ai até vem à pergunta: Até quando, vamos continuar aceitando esse discurso demagogo, e assistindo o "festival de besteira" em Jacobina, que não se restringe apenas à festa da micareta.
Edson Silva – estudante de História da UNEB-DCH4
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