O SENTIDO DAS INTERVENÇÕES URBANAS: CALÇADÃO DE JACOBINA.
O SENTIDO DAS INTERVENÇÕES URBANAS
Por: Luiz Brasileiro
A arquitetura de uma cidade reflete o nível
cultural de seus habitantes e governantes. Casas geminadas, sem nenhum gosto,
ruas estreitas e não arborizadas, passeios mal cuidados e estreitos são
resultado do descaso e da ignorância dos habitantes e dos governantes para com
os espaços públicos, tão importantes quanto outros aspectos da cidade.
As intervenções urbanas devem ser feitas sempre em função do bem estar dos
habitantes da cidade, não para empobrecer-lhes a vida retirando beleza,
conforto e qualidade.
Desta maneira não é tolerável e racionalmente admissível que as intervenções do
poder público causem desconforto e angústia aos habitantes. As mudanças para
pior não devem ser feitas, se efetuadas não devem ser mantidas.
O despreparo dos governantes, ignorância e falta de gosto às vezes são os
motivos causadores de agressão estética a uma cidade quando não revelam mal
disfarçado ódio e desprezo por uma população.
Mudança para pior
A intervenção da Prefeitura do Município de Jacobina no Calçadão substituindo o
calçamento em pedras portuguesas por estes tampos de cimento bruto tem
conseqüências práticas, constatado que refletem mais calor abrasando ainda mais
o clima das cidades que tende para um clima de deserto devido à impermeabilização
do solo e a consequente redução de áreas verdes na cidade e em seu entorno.
Precisávamos de mais plantas ornamentais no Calçadão de Jacobina, bancos de
madeira (melhores do que já existiam), regulação das placas nas fachadas das
lojas para reduzir a poluição visual para que este espaço público, de comércio
e convivência fosse um lugar agradável e de bom gosto.
Outra coisa necessária para aperfeiçoar o mais importante espaço público da
cidade era a substituição da fiação. Já que se fez uma intervenção desta
natureza que se fizesse também a substituição da fiação da rede elétrica e
telefônica exposta e aérea por subterrânea, menos perigosa e que não enfeia as
ruas com tantos fios à mostra.
O uso da madeira nos bancos, das pedra portuguesa e das plantas ornamentais
descansam a vista, tornam a temperatura do ar mais amena além de agregar valor
estético ao ambiente; refletem o bom gosto, cultura e cuidado dos habitantes e
dos governantes por suas casas e cidades.
Ninguém pode obrigar outrem a ser educado. Há indiscutivelmente quem goste de
sujeira, feiúra, furto, humilhações, puxa-saquismo, analfabetismo e outras
coisas horríveis. Mas a comparação invade os olhos ao contemplarmos um esgoto
que já foi um rio, o Calçadão anterior e este monumento a feiúra e à pobreza
estética.
O Calçadão tal como foi feito e anteriormente se encontrava não era um primor e
muito poderia ser melhorado, mas a intervenção foi um regresso, uma agressão ao
que já tinha sido conquistado em beleza e cuidado com a cidade. Se o calçamento
com pedras portuguesas dificultava o deslocamento de deficientes físicos
usuários de cadeiras e de mulheres com saltos altos o melhor seria substituir
as pedras portuguesas por granito e não por estes tijolos de cimento inferiores
até mesmo às pedras portuguesas.
Faremos um dia, espero que seja o mais breve possível, um Calçadão melhor e
mais bonito que o anterior. Serve de refrigério saber que tudo passa, e este
atentado ao bem estar dos cidadãos desta cidade passará, como várias pestes passaram
na Idade Média e passaram as sete pragas no Egito.
Perene é o povo, perene é a liberdade.
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