quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O SENTIDO DAS INTERVENÇÕES URBANAS: CALÇADÃO DE JACOBINA.

  O SENTIDO DAS INTERVENÇÕES URBANAS
Por: Luiz Brasileiro
A arquitetura de uma cidade reflete o nível cultural de seus habitantes e governantes. Casas geminadas, sem nenhum gosto, ruas estreitas e não arborizadas, passeios mal cuidados e estreitos são resultado do descaso e da ignorância dos habitantes e dos governantes para com os espaços públicos, tão importantes quanto outros aspectos da cidade.

As intervenções urbanas devem ser feitas sempre em função do bem estar dos habitantes da cidade, não para empobrecer-lhes a vida retirando beleza, conforto e qualidade.

Desta maneira não é tolerável e racionalmente admissível que as intervenções do poder público causem desconforto e angústia aos habitantes. As mudanças para pior não devem ser feitas, se efetuadas não devem ser mantidas.

O despreparo dos governantes, ignorância e falta de gosto às vezes são os motivos causadores de agressão estética a uma cidade quando não revelam mal disfarçado ódio e desprezo por uma população.

Mudança para pior

A intervenção da Prefeitura do Município de Jacobina no Calçadão substituindo o calçamento em pedras portuguesas por estes tampos de cimento bruto tem conseqüências práticas, constatado que refletem mais calor abrasando ainda mais o clima das cidades que tende para um clima de deserto devido à impermeabilização do solo e a consequente redução de áreas verdes na cidade e em seu entorno.

Precisávamos de mais plantas ornamentais no Calçadão de Jacobina, bancos de madeira (melhores do que já existiam), regulação das placas nas fachadas das lojas para reduzir a poluição visual para que este espaço público, de comércio e convivência fosse um lugar agradável e de bom gosto.

Outra coisa necessária para aperfeiçoar o mais importante espaço público da cidade era a substituição da fiação. Já que se fez uma intervenção desta natureza que se fizesse também a substituição da fiação da rede elétrica e telefônica exposta e aérea por subterrânea, menos perigosa e que não enfeia as ruas com tantos fios à mostra.

O uso da madeira nos bancos, das pedra portuguesa e das plantas ornamentais descansam a vista, tornam a temperatura do ar mais amena além de agregar valor estético ao ambiente; refletem o bom gosto, cultura e cuidado dos habitantes e dos governantes por suas casas e cidades.

Ninguém pode obrigar outrem a ser educado. Há indiscutivelmente quem goste de sujeira, feiúra, furto, humilhações, puxa-saquismo, analfabetismo e outras coisas horríveis. Mas a comparação invade os olhos ao contemplarmos um esgoto que já foi um rio, o Calçadão anterior e este monumento a feiúra e à pobreza estética.

O Calçadão tal como foi feito e anteriormente se encontrava não era um primor e muito poderia ser melhorado, mas a intervenção foi um regresso, uma agressão ao que já tinha sido conquistado em beleza e cuidado com a cidade. Se o calçamento com pedras portuguesas dificultava o deslocamento de deficientes físicos usuários de cadeiras e de mulheres com saltos altos o melhor seria substituir as pedras portuguesas por granito e não por estes tijolos de cimento inferiores até mesmo às pedras portuguesas.

Faremos um dia, espero que seja o mais breve possível, um Calçadão melhor e mais bonito que o anterior. Serve de refrigério saber que tudo passa, e este atentado ao bem estar dos cidadãos desta cidade passará, como várias pestes passaram na Idade Média e passaram as sete pragas no Egito.

Perene é o povo, perene é a liberdade.

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