segunda-feira, 27 de junho de 2011

América Latina, terra de esperança

“Eu também tenho ressalvas à expressão “capitalismo avançado”. Os países capitalistas avançados são os mais destrutivos. Você chamaria isso de avançado? Não é avançado e em muitos aspectos nos traz de volta à condição da barbárie”
Entrevista concedida a Matheus Pichonelli e Ricardo Carvalho
Quando você pensa na totalidade da América Latina, é impossível negar que houve tremendos avanços políticos. Houve mudanças significativas também em outros aspectos. A primeira vez que eu vim ao Brasil foi em 1983. Após uma conferência em João Pessoa, eu dava uma entrevista numa rádio local quando vi pela janela uma grande aglomeração de pessoas. Durante a pausa para os comerciais, fiquei sabendo que a razão daquela movimentação toda era que em algum lugar perto de João Pessoa havia protestos de pessoas famintas, que não tinham o que comer.
Lula deixa Brasília, em seu último dia como presidente, com mais de 80% de aprovação. Foto: Renato Araujo/Agência Brasil
O programa de Lula de combate à fome foi uma resposta a situações como a que eu vi. Hoje, pelo o que sei, não existem mais protestos por comida no Brasil. O aumento do salário mínimo também foi uma contribuição importante. E mudanças também ocorreram na Venezuela, Bolívia, Paraguai e Argentina. A Argentina, por exemplo, deveria ser um daqueles milagres econômicos. Mas o milagre argentino terminou na total falência do País. Eles chegaram até a dolarizar sua economia, abandonaram sua moeda e foram sufocados por isso. Os protestos populares levaram à mudanças significativas na Argentina. Então, a América Latina é um continente onde várias experiências interessantes ocorreram e ainda estão em curso.
Agora, eu não afirmo com isso que a América Latina, assim como o restante do mundo, poderá se isentar de enfrentar esses problemas estruturais que eu já mencionei. E esse é o grande desafio para o futuro. A dimensão muito positiva é que na América Latina existem movimentos extremamente importantes como o campesinos e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). São movimentos sociais que não tem a perspectiva de implorar por favores políticos, mas que tomam a iniciativa e tentam controlar as coisas por si mesmo. Uma das características mais importantes desses movimentos é que eles tentem controlar a situação.
Mészáros: programas sociais causam ressentimento na América Latina
Na América Latina, as soluções também precisam levar em conta um esforço para remediar nossa relação com a natureza. Em um futuro próximo, por exemplo, nós teremos de considerar como colocar energia nos nossos carros. Se você produz carros, eles precisam de energia de alguma maneira. Ao mesmo tempo, nós multiplicamos cada vez mais o número de carros porque a produção não pode parar. Mas, o que precisamos fazer é perceber que a real necessidade das pessoas é o transporte, não os carros. Nós precisamos pensar em meios de transportes adequados, não carros individuais que agridem a natureza.
Eu a considero a América Latina, de longe, o continente mais esperançoso do mundo. Aqui, coisas interessantes vêm acontecendo desde os anos 70. A primeira reação aos movimentos que eclodiam, naquela época, foram as ditaduras. Ao menor sinal de problema, os norte-americanos encontravam um ditador. Eles enviavam os fuzileiros ou achavam algum general que pudesse fazer o trabalho por eles. Hoje os Estados Unidos não podem mais fazer isso, essa fase histórica passou, mas ainda carrega consequencias e repercussões.
Eu acredito que as reais transformações estruturais, que levaram séculos para acontecer do feudalismo para o capitalismo, não demorarão tanto para ocorrer. Por quê? Porque nós não temos séculos. Nosso tempo está se esgotando. E essas mudanças não podem ser pensadas como algo isolado ao “mundo subdesenvolvido”. Nós vivemos em um único mundo. Existem alguns conceitos mistificadores como “terceiro mundo”. Eu sempre rejeitei essa expressão. O que é o terceiro mundo? Eu apenas conheço um. Não é o “terceiro mundo”, mas uma parte integrada do mundo na qual os países são explorados. E a América Latina é o continente mais esperançoso onde as mudanças serão iniciadas, mas não poderão ser concluídas.
Globalização é um conceito utilizado apologeticamente. A realidade da globalização é que existe, na verdade, uma tendência para a integração econômica. Mas, politicamente, nada é resolvido. E hoje ainda prevalece a lógica de confrontar problemas políticos por meio da guerra, violência e destruição. É o que fazem os Estados Unidos. Isso é um grande absurdo porque nada na história da humanidade foi resolvido pela guerra.
Eu também tenho ressalvas à expressão “capitalismo avançado”. Os países capitalistas avançados são os mais destrutivos. Você chamaria isso de avançado? Não é avançado e em muitos aspectos nos traz de volta à condição da barbárie. Rosa Luxemburgo uma vez disse “socialismo ou barbárie”. Eu acrescentaria algo à frase de Rosa Luxemburgo: “barbárie, se tivermos sorte”. Porque a destruição total da humanidade é o que está em nosso horizonte. A tendência é sempre resolver os problemas com guerras e destruições. Na Primeira Guerra, os aliados saíram vitoriosos. Mas o que eles resolveram? Eles criaram Hitler. Por isso eu digo que as decisões estão sendo tomadas às costas das pessoas. Elas nunca antecipam as coisas. Elas nunca imaginam que depois da vitória vem a destruição.
Em 1871, na Comuna de Paris, o que aconteceu foi uma brutal destruição. Bismark, o chanceler alemão, que venceu as tropas francesas anos antes, quando viu as comunas tomando o poder em Paris, ordenou a libertação dos prisioneiros de guerra franceses para destruir a organização. O que aconteceu depois? Três impérios fizeram um pacto para lutar juntos contra esses tipos de distúrbios feitos pela população, caso acontecesse de novo. Isso não é mais possível. Um dos maiores estrategistas de guerra de todos os tempos, general Klausevits, disse uma vez: “a guerra é a continuação da política, só que por outros meios”. Hoje isso é inconcebível. Uma nova guerra mundial acabaria com a humanidade. Essa é a diferença histórica fundamental.
A América Latina é hoje uma das regiões onde se tem mais esperanças, porque as pessoas estão tomando o controle das decisões, assumindo responsabilidades, depois de terem eliminado ditadores.
E como vamos fazer essa transformação? Transformando as pessoas. A exploração da esmagadora maioria das pessoas por poucos não é mais aceito como era antes. No socialismo você não pode fazer isso. Você não aceita uma minoria que controla a política e a economia tomando todas as decisões. Seria um absurdo. Por isso temos que criar uma sociedade da igualdade substancial. A produção de mercadorias e o mercado devem ser as bases dessa equalização. Precisamos ir em direção a um sistema de igualdade substancial, com reorientação, com participação nos processos de decisão, com nossas decisões sobre o que queremos fazer para tornar nossas realizações mais justas, mais igualitárias. Ninguém precisa decidir isso por você.
Em “The Critique of The Gotha Program”, Marx fez a definição do que seriam os estágios inicial e final do socialismo. No primeiro, a distribuição seria feita a cada um de acordo com a sua contribuição para o total do produto social. Na fase avançada, seria de acordo com a sua capacidade ou necessidade. Agora, quem determina o que a gente precisa? Apenas uma pessoa, você mesmo. Hoje, 1% ou 2% da população controla de 40% a 60% dos recursos e riquezas da sociedade. Para mudar isso, será preciso uma cooperação das pessoas pelo mundo. Para produzir e distribuir conforme as necessidades, será preciso criar empresas cooperativas. Isso vai ser a base da sociedade do futuro. E não podemos ter certeza de que essas transformações vão ser feitas apenas dentro da lei. Não estamos enfrentando apenas leis humanas, mas as leis da natureza. A natureza está nos impondo seus limites. Por isso precisamos nos adaptar ao melhor uso dos recursos. Isso vai acontecer em pouco tempo – mas não no meu tempo, infelizmente. As pessoas estão começando a confrontar essa realidade, sobretudo na América Latina.

FONTE: http://www.cartacapital.com.br/politica/america-latina-terra-de-esperanca <acessado em 27.06.2011>.

domingo, 26 de junho de 2011

A LIBERDADE DA COMUNICAÇÃO: REFLEXÕES.

O realismo sem deixar de lado a utopia

Por Marco Antonio Rodrigues Dias em 06/06/2011 na edição 645.

Quando se analisam fenômenos ligados à realidade social, inclusive no campo da comunicação, é sempre útil recordar as palavras do prêmio Nobel de Literatura mexicano, Octavio Paz, para quem “a busca do futuro termina, inevitavelmente, com a conquista do passado”.
No início dos anos 70, o curso de Comunicação da UnB sofreu uma reestruturação profunda, cujas bases estão presentes até hoje, por meio da ação de alguns dos professores e pesquisadores remanescentes daquele período. Não se falava muito em cidadania naquela época. O contexto era outro. A preocupação imediata era a reconquista da liberdade e, para isso, buscavam-se formas alternativas de ação, que visassem principalmente a fazer com que a comunicação fosse colocada a serviço do desenvolvimento, que deveria ser concebido de maneira diferente da visão então dominante. Para isso, a inspiração era buscada em filósofos do tipo de Maritain e Mounier e, mais perto de nós, nas ideias básicas formuladas por pensadores como Paulo Freire.
Desenvolvimento não podia ser visto como sinônimo de crescimento e basear-se na experiência de alguns poucos países. Fatores culturais e sociais tinham que ser levados em consideração. E, no campo da publicidade, por exemplo, como hoje no de marketing, não questionassem sua função no controle da informação. Na medida em que essa concepção fosse implementada, necessariamente levaria a questionamentos sobre a democracia, então ausente no país, e estimularia ações que, hoje, caem nas preocupações dos que pensam em reforçar a cidadania para aperfeiçoar a democracia.
Quem se recorda da origem do nome Ceilândia?
Na realidade, a ação do conjunto dos integrantes do curso de Comunicação naquele período de reformas não era monolítica. Alguns optavam por limitar-se à formação técnica profissional e, por exemplo, em campos como o da publicidade, não se questionava sua função no controle dos meios de comunicação. Em realidade, o curso assegurava, com eficiência, creio, a formação básica profissional de jornalistas em todos os veículos (o que implicava atividades na área de rádio, jornal, televisão e cinema documentário), de profissionais para a publicidade e de especialistas em relações públicas, em particular, tendo em vista as características de Brasília, na área de relações públicas governamentais. Mas, a ambição do grupo, em geral, ainda que não formulada explicitamente (o que, aliás, não era possível), era mais ampla.
Todos, ou quase todos, sonhavam com a redemocratização do país e buscavam ver como a comunicação poderia colaborar para alcançar esse objetivo. O contato com especialistas do mundo inteiro que tivessem uma visão da comunicação voltada para o social – e, particularmente, com especialistas latino-americanos, como Juan Diaz Bordenave (Paraguai), Luís Ramiro Beltrán (Colômbia), Antonio Pasquali (Venezuela) e outros – foi, na época, um instrumento de abertura e de legitimação dessa corrente.
Na época, em tempos de ditadura, a atmosfera era escura, mas ninguém tinha dúvidas sobre o que fazer para transmitir aos estudantes o domínio de técnicas que lhes assegurassem um futuro profissional. Houve muita ação, experiências didáticas de cursos em bloco foram lançadas, o curso equipou-se para lançar jornais-laboratórios, preparar emissões de rádio e de televisão, elaborar documentários, lançar campanhas publicitárias, que inclusive receberam prêmios nacionais. Quem se recorda hoje, em Brasília, que o nome da cidade-satélite Ceilândia originou-se de uma ação organizada pelos estudantes de publicidade da UnB em torno de uma campanha de erradicação de invasões organizada no Distrito Federal?
Comunicação assegura coesão
Mas, o que ficou de permanente dessa época, a meu ver, estava mais vinculado à discussão da função da comunicação. No Brasil, na época, sem dúvida, foi na UnB que o Informe Mac Bride, de 1978, tornou-se objeto da atenção mais consciente. Embora criticado, inclusive dentro da UnB, esse documento, até hoje, em matéria de princípios, é atual. Mostrou, por exemplo, que havia necessidade de alterações no fluxo de informações entre as nações e, internamente, em cada país, de maneira a evitar que o fluxo se fizesse em mão única dos desenvolvidos para os países em desenvolvimento e, no interior dos países, de cima para baixo, exclusivamente.
Além disso, o conceito de notícias deveria ser ampliado de maneira a não englobar apenas os “acontecimentos”, mas “processos” inteiros. Por exemplo, a fome é um processo, enquanto uma greve de fome é um acontecimento. O informe demonstrava a necessidade de criação de políticas de comunicação que estimulassem e favorecessem processos de desenvolvimento endógeno, que deveriam beneficiar toda a população, sendo inadmissível o uso da comunicação apenas para fazer a população aceitar sacrifícios de um crescimento que nunca viria a beneficiar toda a coletividade. O informe é muito amplo. [Ver resumo comentado do informe no volume eletrônico nº 19 no site www.mardias.net. Para o texto completo do informe, buscar em www.unesco.org]. O que ficou foi a tentativa de se definirem as bases para uma nova ordem mundial de comunicação e o esforço de se definir o que seria o direito à comunicação, que compreenderia, pelo menos:
a) o direito de saber e de ser informado;
b) o direito de transmitir a outro a verdade tal qual cada um a vê;
c) o direito de debater.
Para isso, os laços de comunicação eram vistos como essenciais para formação e desenvolvimento de uma entidade nacional. A comunidade é uma combinação de grupos diversos do ponto de vista da classe social, da situação econômica e, muitas vezes, da filiação política ou religiosa, bem como de atitudes e opiniões. A comunicação assegura a coesão de toda a comunidade. Se o poder que confere a comunicação é explorado para reprimir e fazer calar as minorias ou dissimular as divergências reais, resulta disso uma alienação de uma fração dos cidadãos e, em consequência, um enfraquecimento da comunidade nacional. Aí também não se falava em cidadania, mas a base estava toda ali.
Ação multidisciplinar
O livro que professores e pesquisadores da Faculdade de Comunicação elaboraram será uma referência, sem dúvida. Ele dá um retrato do que significa, hoje, ao final da primeira década do século 21, a comunicação para professores e pesquisadores na UnB. E eles ousam fazê-lo em um momento em que a incerteza é o que prevalece. Face à perda de leitores dos jornais e ao desaparecimento paulatino dos recursos publicitários, à supressão de postos de jornalistas, chega-se ao ponto de se anunciar o fim dos jornais. Sintomático dessa situação é o fato de um jornal que, desde o início do pós-guerra, no final dos anos quarenta, Le Monde, era dirigido e controlado pelos jornalistas, agora, para não falir e desaparecer, é obrigado a aceitar uma recapitalização que, provavelmente, vai transformá-lo em uma empresa igual a todas as demais, dependente, para sobreviver, da publicidade e controlada por grupos econômicos.
No entanto, o jornal provavelmente não desaparecerá. Terá de mudar, mais do que já o fez, terá de recorrer a novos instrumentos tecnológicos, será obrigado a utilizar outra linguagem, mas os caminhos a seguir não são claros. Ser professor de Comunicação hoje não é tarefa fácil. O problema é debatido nas páginas deste livro. O leitor terá uma visão de mudanças que ocorrem neste campo no mundo inteiro e de tendências que apenas se esboçam. Não há certeza, mas os professores e pesquisadores da UnB não hesitam em continuar a transmitir aos estudantes as técnicas conhecidas a serem utilizadas nos meios atualmente existentes e ousam mesmo lançar-se no campo das perspectivas com base nos dados e informações atualmente disponíveis. Além disso, insistem na necessidade de concentrar a atenção na realidade social e mesmo estimular a utilização das novas tecnologias para o desenvolvimento de meios de comunicação alternativos. Há um trabalho teórico profundo, acompanhado de propostas de ações concretas.
Nos anos 70, o curso de Comunicação da UnB inovou, abrindo campo para atividades multidisciplinares como as que eram resultantes da interface entre comunicação e educação e da tentativa de unir o tecnológico e o social por meio de ações com a Faculdade de Tecnologia, representada pela figura emblemática do professor Lourenço Nassib Chehab, que aliava a competência técnica ao conhecimento dos fatores antropológicos e culturais. Os professores de hoje vão mais longe, enfrentam a realidade do desenvolvimento técnico e tratam de realidades sociais que se tornaram importantes, como o tratamento da cidadania depois dos anos 60. E, com certeza, mais adiante, logicamente, vão acabar também tratando de problemas que antes não eram vistos como tais, como o da imigração e o da precariedade no trabalho, esta última objeto de atenção no livro. Uma ação multidisciplinar e interunidades se imporá nesses campos.
Amor romântico
O livro levanta questões sérias, como a da análise da utilização dos princípios da cidadania para efeitos exclusivamente mercadológicos, o que leva também a crer que, no futuro, esses mesmos pesquisadores serão levados a pesquisar a ação de empresas diversas, tanto privadas como públicas, que, no Brasil, aderiram ao programa Global Compact, das Nações Unidas. Uma ação interdisciplinar com representantes de várias outras unidades da UnB na análise desse tipo de ação seria muito útil na consolidação das ações reais da cidadania no país.
Hoje, no mundo inteiro, na área de educação, a grande questão está em se saber se a educação conseguirá manter-se como um bem público implementado por instituições que exercerão um serviço e uma função pública. O desenvolvimento da internet favorece a comercialização da educação e, nas organizações internacionais, estimula-se a aceitação dos esforços da Organização Mundial do Comércio em transformar educação, em particular o ensino superior e o ensino à distância, em mercadoria. O serviço público, tradicionalmente, requer que seja prestado a todos, de maneira permanente e com capacidade de adaptação às modificações da sociedade, inclusive as transformações tecnológicas. O combate é grande para se manter a ideia de serviço público em educação, mas se trata de um combate necessário.
O livro menciona a questão do jornalismo e da comunicação também como serviços públicos e esse é um tema fundamental. Recentemente, a Universidade das Nações Unidas decidiu criar um instituto de formação e pesquisa em Barcelona. Tratará do diálogo intercultural baseado na diversidade e na aceitação do outro, mas dará uma atenção especial, em suas ações, à educação e à comunicação, por meio da ação da mídia. Seguramente, em algum momento, juntamente com os professores de educação da universidade, esses pesquisadores serão levados a reforçar a preocupação em formar os cidadãos à cidadania, sabendo que, para isso, uma formação específica terá de ser prevista para a utilização da pletora de informações que são postas à disposição de cada um de nós. Hoje, o risco é grande de que o indivíduo se perca diante de tudo o que está disponível.
O livro dos professores de Comunicação da UnB revela sua capacidade de tratar de questões que afetam o indivíduo humano em sua integralidade e, para isso, analisa inclusive o tema do amor romântico em Hollywood, que, como se assinala, “com alcance quase mundial, configura-se como uma das principais fontes para ecoar comportamentos, atitudes e maneiras de ser e viver”. Além de ser capaz de dar uma visão de conjunto sobre os estudos de comunicação na UnB hoje, este livro inclui um toque profundamente humanista. Ainda que alguns não o queiram admitir, o amor romântico tem um peso fundamental no desenvolvimento e na construção de cada ser humano.
Por fim, em síntese, os professores de Comunicação da UnB buscam estimular o realismo sem deixar de lado a utopia, necessária para se transformar o mundo e para se criar uma sociedade melhor e mais justa. O caminho está certo.

FONTE:   http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/o-realismo-sem-deixar-de-lado-a-utopia

CULTURA: A PUBLICAÇÃO DO DIARIO DE CHE GUEVARA.

 

Publican diario inédito del Che
Madeleine Sautié Rodríguez
madeleine@granma.cip.cu
Diario de un combatiente, Sierra Maestra-Santa Clara (1956-1958) se titula el libro que recoge los apuntes del Comandante Ernesto Che Guevara en los dos últimos años que precedieron al triunfo revolucionario, el cual fue presentado ayer por primera vez en el capitalino Centro de Prensa Internacional, coincidiendo con el aniversario 83 del natalicio del Guerrillero Heroico.
Introducido por María del Carmen Ariet, coordinadora científica del Centro de Estudios Che Guevara y del Proyecto Editorial dedicado a la vida y obra del Comandante, y por Oscar Fernández Mel, médico y compañero del Che en la Sierra y el Congo, el diario constituye la base en la cual se apoyaría su autor posteriormente para escribir los conocidos Pasajes de la Guerra Revolucionaria.
Bajo los sellos Ocean Press y Ocean Sur, casas editoras que junto al Centro de Estudios Che Guevara celebran el décimo aniversario del Proyecto Editorial Che Guevara, el Diario... , permitirá al lector hallar desde sus propias palabras al guerrillero estrenándose en la geografía cubana a partir de su llegada a la Isla como expedicionario del yate Granma, y al hombre que asumió con respeto y responsabilidad el compromiso de aportar a la liberación del pueblo cubano.
La publicación, que cuenta con un prólogo del doctor Armando Hart Dávalos, incluye un glosario de nombres y documentos de los días épicos de la Sierra Maestra y del Frente de Las Villas reproducidos en facsímiles.
A la presentación asistieron también Jorge Risquet, miembro del Comité Central del Partido; Aleida March y Aleida Guevara March, y familiares de los Cinco Héroes cubanos confinados injustamente en cárceles de los Estados Unidos. 

FONTE: http://www.granma.cu/espanol/cultura/15junio-publican.html

Prefeitura de Jacobina cria mais um cabide de emprego ilegal !!!

Pelo Respeito aos principios da Administração Publica.

Pasmem leitores e munícipes de Jacobina. Com a novela do SAMU em Jacobina, a prefeitura municipal aproveitou para dar mais um golpe na população e nas Leis que regem a administração publica. Vejam bem, com a transferência da central de regulação do SAMU para Irecê, a cidade de Jacobina utilizou as ambulâncias do SAMU para implantar um serviço “cala boca” denominado SAMU municipal. Bem, este serviço nada mais foi do que um cabide de empregos sem o devido concurso ou processo seletivo público. Logo, como é de praxe em todo Brasil, não se pode implantar serviço publico permanente sem a realização de concurso publico para o preenchimento das vagas. Assim, numa ação omissa que lhe é peculiar, a administração publica de Jacobina focou a divulgação das informações via rádio e outros veículos informativos apenas na utilização das ambulâncias e esqueceu-se (propositalmente) de respeitar os essenciais princípios que norteiam a administração publica: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, será que este advogado “propaganda” que foi contratado pela prefeitura não servem nem para avisar sobre esta falha gritante?
Vamos abrir os olhos população e Ministério Publico, este ato é passível de anulação.
Não podemos ficar com os braços cruzados vendo o patrimônio publico sendo utilizado para fins pessoais...Em breve voltaremos com mais noticias sobre o desmando na cidade de Jacobina.
Saudações Democráticas.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

FILANDIA: SINDICATO REJEITA INTERVENÇÃO DA UE EM NEGOCIAÇÕES COLETIVAS NACIONAIS.

O plano da União Europeia de assumir o controle sobre negociações coletivas realizadas em seus estados-membros enfrentará a firme oposição do movimento sindical finlandês. Esta foi a advertência feita pelo presidente da Confederação Finlandesa de Profissionais (STTK) e membro da diretoria da Confederação Sindical Europeia (ETUC), Mikko Mäenpää, numa entrevista concedida dia 21 de fevereiro a uma rádio de Helsinki.

O dirigente sindical conclamou os políticos finlandeses a lutar para que a UE não intervenha em questões trabalhistas nacionais. “A interferência nos níveis de negociação e salários será um passo na direção errada, e enfrentará a oposição de todo o movimento sindical”, alertou.

A primeira ação concreta nesse sentido ocorreu no pacote de resgate para a Irlanda, no qual foi incluída uma cláusula determinando corte no salário mínimo, somando-se à iniciativa da chanceler alemã Angela Merkel e do presidente francês Nicolas Sarkozy para “harmonizar” as políticas tributária e de pensão europeias.

“Não nos opomos ao desenvolvimento da vida dos trabalhadores da Europa em uma direção mais unificada, mas isso deve ocorrer através de procedimentos regulares, baseados em diretrizes”, frisou Mäenpää.

Referindo-se à reunião dos ministros das Finanças da UE programada para meados de março, o diretor da ETUC disse esperar que o ministro finlandês Jyrki Katainen “não apoie iniciativas que permitam à Comissão Europeia decidir sobre políticas de negociação coletiva e pensões”.

Fonte:  http://mundodostrabalhadores.blogspot.com/

Deputado Daniel Almeida visita Jacobina e Miguel Calmon neste São João !!



O Deputado Daniel Almeida, (PcdoB-Ba) esteve reunido com a Executiva do diretório municipal em Jacobina. Na oportunidade foi reafirmado o compromisso do Deputado em colocar o seu mandato à disposição do povo de Jacobina e região para atender às demandas locais e regionais. Aproveitamos a oportunidade para encaminhar algumas solicitações de associações rurais através de oficios que foram entregues ao Deputado. No municipio de Miguel Calmon o Deputado se reuniu com o diretório local e escutou com atenção as demandas locais. Estes encontros fazem parte da agenda do Pc do B - Nacional, para fortalecer as bases municipais e ampliar a participação do partido na sociedade. Por outro lado, a visita além de trazer um momento muito importante e descontraido, serviu para ratificar o compromisso do partido em defender politicas públicas focadas na participação popular, diálogo e desenvolvimento social.

domingo, 12 de junho de 2011

Do outro lado da Colina.


Enquanto a cidade e o governo de Jacobina concentram suas ações mais contundentes no corte de árvores e na pintura de muros, os municipes se vêem cada vez mais longe das ações estatais no que concerne à devida assistência social para familias que vivem em condições periculosas. Dona Ieda, na foto acima, mora no cocho de dentro, povoado na zona rural de Jacobina - Ba, ela vive com 14 pessoas dentro desta modesta casa a qual estar por vir desabar em cima dos que ali dormem, as chuvas abundantes do últimos meses fez com que 2 paredes de adôbo rachasse, hoje escoradas por pedaços de madeira nativa. Diante desta situação, ela vive na luta diurna de trabalhos rurais em terrenos particulares para aos poucos tentar construir um Lar para viver em segurança e dignidade com sua familia. Como sabemos que o nosso municipio dispõe de verbas para auxiliar estes e outros casos similares que porventura não chegam à porta da Assistência Social de Jacobina, vimos socializar este evento para que não façam vistas grossas, mas venham executar sua obrigação de auxiliar este caso urgente que esta Senhora e seus filhos estão vivendo bem próximo da gente, outrossim, rogo para que a população de Jacobina possa se sensibilizar e ajudar com qualquer material (cimento, madeira, telha, blocos etc.)que acelere a saida desta Senhora do perigo real de desabamento, façam suas doações diretamente na casa de Dona Ieda, que fica logo após, do lado direito da Associação dos Moradores do Chocho de Dentro ou liguem para o nosso telefone ou da redação dos jornais que publicarem este Pedido de Socorro que este humilde cidadão socializa com os leitores.

Segue o nosso contato para que caso não possam levar as doações, iremos até você e enregaremos em mãos. 74-8806-5429 ou 74-99628785.

Estaremos publicando mais fotos aqui. Contamos com a participação de todos !

Grato pela Solidariedade.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Passeata contra ação de mineradoras em Jacobina !!!

Hoje fui surpreendido com um carro de som convocando os munícipes para uma audiência pública que ocorrerá amanha às 09:00hs na Câmara de Vereadores desta cidade, o tema deste evento será os estragos que a atividade mineradora tem causado aos nossos mananciais e natureza de modo geral. Bem, ao terminar de escutar o anúncio no referido veículo, parei a pensar, será que de fato o "povo" tá preocupado com a natureza mesmo ??? Não demorou muito às 17:30hs deste mesmo dia, fui ao centro da cidade comprar alimentos e me deparei com uma passeata de manifestantes com a seguinte mensagem: " A mineração em jacobina interessa a quem?? ", ora, bolas, não iremos longe para achar algumas respostas, vejamos logo.
Em Jacobina, cidade que carece de postos de trabalho, a mineração tem contribuido para um aumento substantivo da oferta de empregos na cidade, além disso, estes empregos servem acima de tudo para os "doutores" encachar seus apadrinhados, uns no almoxarifado, outros na construção civil e dai por diante. Por outro lado, esta geração de renda e destruição do meio ambiente gera também grandes dividendos para o mercado local. A Prefeitura arrecada impostos, os empregados recebem salarios e gastam no comércio local, as lojas acirram a concorrência e anunciam nas rádios, jornais e sites para melhorar a imagem dos seus produtos e os jornalitas por sua vez também recebem seus incetivos (um jantarzinho aqui, um anúncio ali etc.) para pegar leve com a mineradora, assim é como a politica de troca de favores funciona em boa parte do nosso país. Enfim, é tudo um ciclo de interesses que só o tempo irá nos mostrar o desfecho final, tanta omissão e falta de responsabilidade por parte dos ditos "administradores das massas" que ainda aparece gente nas midias querendo ser o mercador da ética. Ahhhh, para terminar, vi um dia destes escrito num muro " ORAÇÃO A SATÃ, HERANÇA MALDITA, SILICOSE E AGUA POLUIDA" aos nossos filhos, netos e quiça bisnetos.


Vamos para frente !!! Fique ai assistindo o futuro de sua cidade através das ondas do rádio....internet....ou TV.

Só para lembrar: "Dinheiro Fala".

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Extra, Extra: Vejam o texto do Corajoso Juiz que Mandou prender o maior mafioso do Brasil !!!!

Este pronunciamento foi feito durante uma cerimonia de agradecimento à Policia Federal pelo trabalho conjunto que levou muito peixe grande para cadeia. Este trabalho ocorreu durante os anos que o Exmo. Juiz ficou responsavel pela Vara de Crime de Colarinho Branco, antes de ser perseguido pelo Gilmar Dantas (STF) e outros peixoes que se sentiram incomodados, leia o texto na íntegra:



Exmo. Sr. Superintendente Regional da Polícia Federal Dr.Roberto Ciciliati Troncon Filho

Demais autoridades presentes

Sras. e Srs.

Meu cordial bom dia a todos,


Inicialmente gostaria de parabenizar o Dr. Roberto Ciciliati Troncon Filho pela merecida posse no cargo de Superintendente Regional da Polícia Federal no Estado de São Paulo. Conheço seu trabalho de longa data e posso afiançar sua dedicação e seriedade no trato das questões envolvendo a Polícia Federal.


Esta instituição deve ser motivo de orgulho do povo brasileiro porquanto vem cumprindo suas atribuições, que não se confundem com as da Justiça Federal, muito menos do Ministério Público Federal.


Nesse relacionamento não existe sujeição, mas atribuições constitucionalmente previstas, apesar de os objetivos serem comuns. O resultado do serviço executado com correção somente é decorrente do bom trabalho realizado por todos, sem que um substitua o outro. Polícia é polícia. Ministério Público é ministério público. E, juiz é juiz. Todos são insubstituíveis e fundamentais.


Se ao juiz não cabe examinar fatos como se polícia ou acusação fosse, de igual modo não pode o ministério público atuar como juiz ou polícia. Ora, também a polícia não pode apreciar fatos como se ministério público ou juiz fosse.


Fatos graves que estão sendo veiculados constantemente no país, e devem causar indignação, tristemente são objetos de conclusões preconcebidas de que não constituem infrações administrativas ou penais, apesar de sua aparente envergadura.


O que pensar o cidadão quando não constata concretamente a atuação soberana das instituições que idealizou para o bem comum?


É urgente a reflexão.


Ao longo do tempo a Justiça Federal cresceu e se aparelhou, muitas vezes, graças à colaboração de diversos órgãos e entidades, ora com o concurso do Governo do Estado (como, por exemplo, a implementação da transmissão eletrônica das audiências criminais), ora com o auxílio de governos locais ou autarquias federais (permitindo a instalação de varas federais), tudo com o objetivo de facilitar e aproximar os trabalhos judiciais, de molde a ser acessível ao maior número de pessoas e de maneira a corresponder às expectativas institucionais e às dos cidadãos.


Todavia, a agilidade e a acessibilidade ao serviço judicial ocasionam a sobrecarga e a cobrança dos trabalhos a ele correlatos, como também do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, os quais, de igual modo, devem corresponder, à altura, às nobres tarefas que lhes foram constitucionalmente atribuídas.


Instituições e agências governamentais, com competências determináveis, apesar dos objetivos comuns, por vezes, complicam o tradicional panorama teórico das administrações públicas, quando existe uma babel e uma sobreposição de funções e de afetações de egos.


Não basta que seja reunida unicamente a vontade dos que atuam ou desejam atuar em colaboração ao trabalho da Justiça, mas que sejam agregadas, de fato, condições culturais, políticas e materiais para possibilitar a aplicação de uma jurisprudência estável que respeite as instituições democráticas, a primazia do Direito, a observância aos direitos humanos e a proteção das minorias.


A interpretação individual, extraída do contexto da responsabilidade ético-jurídica de atuação com a envergadura da busca da verdade, não altera o status quo, antes, o confirma, apesar de nadarmos num mar de desigualdades, inseguranças e medo.


A implementação de um espaço de liberdade e justiça deve constituir um dos principais objetivos a serem perseguidos, de molde que todos sejamos corresponsáveis no emprego de esforços ao combate e à prevenção da criminalidade e no estabelecimento de um “alto” nível de segurança dos cidadãos.


Para tanto, não há espaço para clubes fechados, que desprezem uns aos outros, apenas observando suas próprias virtudes, num processo de autoglorificação que mediocriza, humilha e deslegitima.


Um pequeno, mas importante passo foi dado, com a valiosa colaboração dos funcionários da 6ª Vara Criminal Federal especializada, permitindo destinar, ora provisoriamente ou não, e desde 2007, veículos, TV, aparelhos de ginástica e outros bens, além de R$1.600.000,00 para prover a segurança indispensável da sede da Polícia Federal de São Paulo que, apesar de relativamente nova, não foi idealizada e concebida com a preocupação que sua natureza impõe.


A Prestação de Contas do dinheiro recebido, além do que assistimos hoje aqui, demonstrou adequadamente o emprego dos recursos para os fins públicos almejados.


É difícil imaginar no Brasil atuação da Justiça que reverta em algo concreto à sociedade de forma tão célere e eficaz. Um trabalho protocolar e sistêmico jamais levaria ao resultado que ora constatamos se não houvesse a tomada firme de ações e a confiança mútua nas instituições.


Neste sentido, merece aqui ser lembrada a lição de Fernando Pessoa quando sustenta que:


“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”


Mas, o grande legado, o verdadeiro fruto do que hoje aqui se vê, decorre da atitude positiva e determinada na direção de um espaço bem protegido. Nessa equação há dependência e necessidades de parte a parte, já que resgata a plena confiança no sistema e confere segurança a todos os milhares de cidadãos que aqui comparecem. Cada um, a seu modo, com suas carências e limitações, deve atuar para servir ao bem comum e à lei.


Não haveria, pois, provedor e provido porquanto os verdadeiros beneficiados são os jurisdicionados, fonte e destino do real interesse público.


O usufruto deste espaço significa um virar de página que estimulará, espero, a sequência das páginas seguintes. A colaboração da Justiça representa também o reconhecimento do sério trabalho policial desenvolvido de forma que este não se interrompa, mas se perpetue sob um novo e também importante patamar.


Não podem as instituições, por ausência de meios e recursos, ingressarem em estado vegetativo.


A busca da verdade não pode jamais ser desmerecida ou colocada em plano secundário, como aparentemente e subliminarmente vislumbra-se pelo movimento atual de mudança legislativa. A verdade, todos sabemos, é facilmente distorcida e muitas vezes objeto de tendenciosas imprecisões ou confusões, exemplo claro de quão individualmente somos frágeis, quando não presente qualquer apoio institucional. Apesar disso, temos que seguir na mesma linha de raciocínio e determinação para realizar aquilo que acreditamos e concretizar o compromisso de deixar um legado significativo para as próximas gerações. Aproximamos, se é que não ultrapassamos, o momento de dizer “basta”, de repudiar toda e qualquer forma de corrupção, mesmo que, por exemplo, travestida na obtenção de cargos ou favores ou, ainda, na prestação de serviços não adequadamente justificáveis.


As garantias de inamovibilidade e autonomia econômico-financeira (e não estou falando da prerrogativa de foro que, por si só, não se justifica), que permitem, respeitando-se a Constituição e as leis, um julgamento firme e destemido, também deveriam ser concedidas aos membros da Polícia Federal para realizar, da mesma forma e sem ameaças, a sua legítima atuação. Somente assim estaríamos num país verdadeiramente republicano e democrático, onde esta instituição não poderia mais ser vislumbrada ou confundida como algo de “Estado” a serviço de interesses de governos. Justiça, Ministério Público e Polícia servem apenas ao povo e aos valores constitucionais.


O juiz, no processo, deve receber, quando solicitado, as partes. É sua obrigação. O atendimento equidistante e dentro dos limites institucionais se dá a advogados, a membros do Ministério Público e também da Polícia Federal. Isso não protagoniza ou sinaliza uma existência de sociedade ilegal entre este ou aquele, mas simplesmente o atuar com propriedade e respeito. Decorre também da observância às mínimas regras da boa educação, jamais significando violação, antes confirmação do que estatui o Código de Ética da Magistratura, que, no artigo 8º, proclama dever o juiz evitar todo o tipo de comportamento que possa refletir predisposição ou preconceito.


Se, de um lado, não se pode ir além, de outro, não se pode ficar aquém. As Varas especializadas, sempre objeto de críticas infundadas, deram ritmo ao que não se tinha. Propiciaram a concentração de esforços e conhecimento, permitindo que a verdade não mais fosse sucumbida. Revelaram, em muitos momentos, orquestração, artimanhas e descaso com que mercadores da ética tratam a Justiça e, invariavelmente, utilizando-se de argumentos de que a instância jurídica de primeiro grau não serve, desserve ao cliente, por eles sempre considerado “honesto” e “brilhante”. Quando este é processado, o juiz é necessariamente parcial ou arbitrário, num sistema de obviedades que desrespeita regras elementares. Esquece-se que o trabalho é fruto da coordenação e esforço de um grupo de técnicos que estão preocupados em tentar fazer o seu melhor e no exclusivo interesse público.


O que se extrai disto tudo é a ideia de que redes intrincadas de interesses cruzados, escusos e privados, onde quer que estiverem, trabalham de forma organizada contra os que, com conhecimento, experiência e ética, tentam evitar respostas tardias ou inúteis à sociedade.


O país está à deriva e cabe ainda a todos nós a recondução do destino das próximas gerações, retomando a credibilidade nas instituições desta nossa querida nação.


Agradeço a todos essa homenagem, que a recebo em nome do Poder Judiciário Federal. A atuação deste somente possui algum significado se for capaz de estimular os trabalhos sérios realizados com adequada coordenação e respeito. A Justiça, quando assim ocorre, certamente os reconhecerá.


Parabéns à Polícia Federal pelo trabalho realizado.


Muito obrigado!


Fausto Martin De Sanctis
Desembargador Federal do TRF3 e escritor

Veja na íntegra a redação que ganhou o prémio da UNESCO - 50.000 concorrentes

'PÁTRIA MADRASTA VIL'

Onde já se viu tanto excesso de falta? Abundância de inexistência. .. Exagero de escassez... Contraditórios? ? Então aí está! O novo nome do nosso país! Não pode haver sinônimo melhor para BRASIL.
Porque o Brasil nada mais é do que o excesso de falta de caráter, a abundância de inexistência de solidariedade, o exagero de escassez de responsabilidade.
O Brasil nada mais é do que uma combinação mal engendrada - e friamente sistematizada - de contradições.
Há quem diga que 'dos filhos deste solo és mãe gentil.', mas eu digo que não é gentil e, muito menos, mãe. Pela definição que eu conheço de MÃE, o Brasil está mais para madrasta vil.
A minha mãe não 'tapa o sol com a peneira'. Não me daria, por exemplo, um lugar na universidade sem ter-me dado uma bela formação básica.
E mesmo há 200 anos atrás não me aboliria da escravidão se soubesse que me restaria a liberdade apenas para morrer de fome. Porque a minha mãe não iria querer me enganar, iludir. Ela me daria um verdadeiro Pacote que fosse efetivo na resolução do problema, e que contivesse educação + liberdade + igualdade. Ela sabe que de nada me adianta ter educação pela metade, ou tê-la aprisionada pela falta de oportunidade, pela falta de escolha, acorrentada pela minha voz-nada-ativa. A minha mãe sabe que eu só vou crescer se a minha educação gerar liberdade e esta, por fim, igualdade. Uma segue a outra... Sem nenhuma contradição!
É disso que o Brasil precisa: mudanças estruturais, revolucionárias, que quebrem esse sistema-esquema social montado; mudanças que não sejam hipócritas, mudanças que transformem!

A mudança que nada muda é só mais uma contradição. Os governantes (às vezes) dão uns peixinhos, mas não ensinam a pescar. E a educação libertadora entra aí. O povo está tão paralisado pela ignorância que não sabe a que tem direito. Não aprendeu o que é ser cidadão.
Porém, ainda nos falta um fator fundamental para o alcance da igualdade: nossa participação efetiva; as mudanças dentro do corpo burocrático do Estado não modificam a estrutura. As classes média e alta - tão confortavelmente situadas na pirâmide social - terão que fazer mais do que reclamar (o que só serve mesmo para aliviar nossa culpa)... Mas estão elas preparadas para isso?
Eu acredito profundamente que só uma revolução estrutural, feita de dentro pra fora e que não exclua nada nem ninguém de seus efeitos, possa acabar com a pobreza e desigualdade no Brasil.
Afinal, de que serve um governo que não administra? De que serve uma mãe que não afaga? E, finalmente, de que serve um Homem que não se posiciona?
Talvez o sentido de nossa própria existência esteja ligado, justamente, a um posicionamento perante o mundo como um todo. Sem egoísmo. Cada um por todos.
Algumas perguntas, quando auto-indagadas, se tornam elucidativas. Pergunte-se: quero ser pobre no Brasil? Filho de uma mãe gentil ou de uma madrasta vil? Ser tratado como cidadão ou excluído? Como gente... Ou como bicho?

Clarice Zeitel

Premiada pela UNESCO, Clarice Zeitel, de 26 anos, estudante que termina faculdade de direito da UFRJ em julho, concorreu com outros 50 mil estudantes universitários.
Ela acaba de voltar de Paris, onde recebeu um prêmio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) por uma redação sobre 'Como vencer a pobreza e a desigualdade'
A redação de Clarice intitulada `Pátria Madrasta Vil´ foi incluída num livro, com outros cem textos selecionados no concurso. A publicação está disponível no site da Biblioteca Virtual da UNESCO.