sábado, 17 de dezembro de 2022

O TABULEIRO DAS ELEIÇÕES PARA CÂMARA MUNICIPAL

 

  



Ultimamente, o principal comentário nas esquinas de Jacobina é a disputa que envolve a próxima presidência da Câmara. A expectativa é geral, os atores políticos deram início aos diálogos há mais de 3 meses mas com o afunilamento do prazo para a convocação da eleição, os acordos e promessas já estão sendo alinhados, comenta-se pelos botecos que já existem até futuros candidatos (as) a prefeito (a) aplicando suas reservas materiais para interferir nesta disputa, objetivando a garantia de um capital simbólico para o pleito de 2024.

Entretanto, nosso enfoque de hoje busca contemplar outros olhares sobre questões subjetivas envolvidas no tabuleiro destas eleições. Para tanto, gostaria de lembrar aos leitores que nos últimos 20 anos não recordamos de nenhum prefeito que tenha governado sem o apoio da Câmara, ou seja, o governo atual parece ter sido o único não conseguiu reunir maioria para fazer a presidência do Legislativo. Assim sendo, acredito que essa próxima legislatura carregará um valor vital para o fortalecimento ou enfraquecimento da gestão em curso. Ventila-se pelos bastidores que as costuras já estão bem avançadas e um dos nomes nesta corrida é o vereador Clodoaldo de Itaitu, o mesmo conta com o apoio de vereadores do PCdoB e de outras legendas que integram ou querem integrar o governo a partir de 2023.

Toda eleição para a presidência tem um peso imenso, pois dentro do formato do regimento da Câmara Municipal de Jacobina, o presidente tem poderes parecidos com o de um Rei. A maioria das decisões são tomadas exclusivamente pelo presidente, além do controle total sob as pautas das sessões que garantem um poder de manobra significativo, ele controla e executa todos os recursos recebidos pela Casa Legislativa que atualmente perfazem mais de 1 milhão por mês, podendo chegar a 1,5 milhão a partir de 2023.

Ao que parece, o cofre do Poder Legislativo é um prato cheio para os atores políticos que almejam uma plataforma robusta onde é possível criar condições singulares para voos ainda mais altos, como a possibilidade de compor como Vice numa eventual eleição para o Executivo ou até mesmo a cabeça de Chapa com vistas à conquista do cofre da Prefeitura. No jogo do poder, até o dia 22/12/2022, data limite para realização das eleições, muitos esforços serão encampados para a manutenção do poder, do lado da oposição, um grupo de políticos maduros com muita estrada rodada e “bala na agulha”, do lado do grupo do gestor municipal, um conjunto de jovens políticos que estão aprendendo o movimento das peças no xadrez legislativo, embora a maioria seja de novatos, contam com a experiência de um ex-presidente da câmara que sabe bem como posicionar as peças para constituir um embate vitorioso. Contudo, somente o movimento das madrugadas vão dar o ritmo e definir o êxito desta disputa.

Portanto, até lá, cada jogador deve posicionar suas peças no tabuleiro da Câmara e, com bons movimentos de abertura, promover uma estratégia que permita atacar o rei adversário impondo lhe o tão almejado xeque-mate que definirá os rumos políticos do Legislativo e do Executivo nos próximos dias.



Saudações Democráticas,


Dayvid Sena

Professor Mestre em Estudos de Linguagens

sábado, 3 de dezembro de 2022

DESINFORMAÇÃO EM REDE: A CRIAÇÃO DA REALIDADE PARALELA

 



O advento da internet e suas imensas possibilidades de compartilhamento do conhecimento favorecem a criação de uma inteligência coletiva, esta premissa, foi defendida pelo escritor francês Pierre Levy durante os anos 90. A possibilidade de novas formas de leituras através das superfícies hipertextuais, escritas coletivas e a infinitude dos links (conexões) no modo das costuras digitais, colocaram em cena, uma nova promessa de desenvolvimento coletivo planetário.

Contudo, o acesso às tecnologias da inteligência tem instalado grandes desafios para os países e suas instituições nos dias atuais. O entrecruzamento de informações desinformantes (mentiras vestidas de verdades) tem provocado o surgimento de diversos mundos paralelos, talvez a facilidade e o comodismo que afeta boa parte das pessoas que preferem receber a “verdade” pronta, por meio das imagens forjadas ou editadas com auxílio de tecnologias como o Deep Fake, têm produzido um grande ruído na sociedade contemporânea, haja vista a velocidade com que estes recortes desinformantes circulam pelas diversas camadas sociais, não permitem contestações tempestivas dos usuários que são alcançados pelas redes sociais, além disso, a disposição frenética que cada membro do mundo digital desenvolve no intuito de consumir o máximo de informações numa velocidade acrítica, amplia cada vez mais seu acesso às engrenagens de uma realidade paralela azeitada pelas informações desinformantes.

O cenário de confusão é geral, chegamos ao ponto de pessoas na fila do supermercado, da farmácia, mesa de bares e até na pausa para o cafezinho, comentarem as pautas com mais aderência nos apps de redes sociais, sem falar que o modo de contestação mais utilizado reside na apresentação de uma imagem ou um texto (geralmente sem autoria) que circulou pelo grupo do Zap da família. Ou seja, a capacidade de simulação de uma realidade paralela tem se tornado uma instância real na sociedade moderna, o afastamento da maioria das pessoas do conceito de dúvida, a supressão da contestação e a incapacidade de fundamentação baseada em métodos razoáveis, parece conduzir boa parte dos usuários das redes sociais ao abismo da ignorância, ao ponto de defenderem qualquer coisa, por mais inusitada que seja, baseando-se apenas numa imagem ou um texto compartilhado por um amigo, pessoa famosa ou parente no grupo da família. Todos estes elementos apontam para um novo comportamento social, funcionam como um instrumento para a simulação de uma realidade paralela abstrata, comprometendo de forma drástica o resgate da realidade concreta, outrora, assentada em fatos, métodos e fundamentação científica.

Por outro lado, podemos ainda apreender todo este contexto distópico como resultado da aplicação de técnicas da psicologia de massa, as grandes corporações quando desenvolveram tais aplicativos aparentemente já sabiam a dimensão do poder de controle sobre as pessoas diante da ampla penetração social dos aplicativos de mensagens.

Portanto, o grande desafio das instituições que compõem o Estado moderno é a retomada das discussões referentes aos problemas e soluções minimamente concretos, pois numa atmosfera onde pessoas apontam até seus celulares para o céu achando que vão se comunicar com seres extraterrestres, outros afirmam “sem provas” verem entidades descerem em pés de goiaba e alguns se recusam a tomar vacina com medo de “virar jacaré”, certamente, a condição racional humana parece ter se diluído por meio das linguagens propagadas pelas redes sociais, colaborando assim, para a construção de um mundo paralelo capaz de capturar multidões.


Saudações Democráticas,


Dayvid Sena

Professor Mestre em Estudos de Linguagens