domingo, 11 de maio de 2014

O LINCHAMENTO INCENTIVADO

Por Luiz Brasileiro.

O LINCHAMENTO INCENTIVADO





O linchamento de Fabiane Maria de Jesus, 33, ocorrido no Guarujá, litoral paulista, ocorrido no último sábado, dia de 03 de maio, é chocante, brutal, cruel, principalmente por ser um uma prova da irracionalidade incentivada e provocada.

A vítima foi objeto de infamantes boatos em página do Facebook imputando-lhe a prática de magia negra e de ter usado crianças raptadas em rituais. Os assassinos e o indivíduo que fazia a página não procuraram saber a verdade, se a ocorrência imputada era um fato ou maledicência.

Apesar da brutalidade do desfecho não devemos olvidar as possíveis causas deste crime. É fácil manejar uma campanha de ódio, não é preciso dispor de uma rede de televisão ou de rádio, basta um ou alguns hábeis na arte de intrigar soprarem no ouvido certo, que pode ser um ou vários, que sempre deságua em atos desta natureza, agressão ou linchamento, execução sumária.

Resta óbvio que satanizar alguém usando uma rede de televisão no Brasil é uma barbada. Sem regulação de qualquer espécie vicejam os programas que atentam contra os Direitos Fundamentais do Cidadão, os chamados DIREITOS HUMANOS - não basta para gente como Rachel Sherezade, Luis Datena e Marcelo Rezende substituir o Judiciário em julgamento sumário, tem que haver a execração.

O ex-ministro Zé Dirceu antes de ser julgado pelo STF quase teve sua cabeça atingida por uma bengala de mais de um quilograma de ferro manejada por um escritor de estórias para crianças. Se a bengalada tivesse atingido o alvo poderia tê-lo matado. Ninguém duvida que foi resultado da intoxição emocional promovida contra si pelas grandes redes de televisão, Globo, Bandeirantes - que sabiam o que estavam fazendo e o que poderia ocorrer.

A compreensão da propaganda e da manipulação da opinião pública já foi estudada por dezenas de autores. Contudo, o filme “A ONDA” demonstra com uma estória a tese de como é possível manipular pessoas, bastando que se saiba operacionalizar técnicas que incidam sobre a fragilidade da subjetividade dos homens.

O filme demonstra que o lado frágil da subjetividade humana é a faceta que aflora quando o sujeito sacrifica a capacidade de raciocinar e passa a aceitar proposições sem exigir provas ou a mínima plausibilidade como os dogmas ou falsa informação.

Demonstra também a tese do filme que as organizações secretas místicas ou supostamente laicas são já em si instrumentos de manipulação para a veiculação de doutrinas autoritárias pois a natureza conspiratória obsta a análise e facilita a fixação dos dogmas e o sacrifício da racionalidade.

Evidencia A ONDA também que os ritos e os símbolos podem ser também instrumentos de veiculação dos dogmas autoritários verificada a facilidade com que por estes meios eles são impostos e como facilmente por eles manipula-se condutas e atitudes.

Patenteia a tese demonstrada no filme que explorar com os fins de manipular as condutas os sentimentos de ódio, de inferioridade, frustrações ou sentimentos de suposta superioridade é fundamental para se operar na fragilidade da subjetividade, que ocorre quando o indivíduo sacrifica a capacidade de pensar sobre bases racionais e demonstráveis e abdica de apoiar a convicção em provas.

É por esta lacuna da subjetividade, o lado irracional, que se pode contrabandear para a pauta de crenças e valores do indivíduo como se verdade fosse proposições que não se amparam sequer em evidências mínimas.

Apelar para os sentimentos de crueldade agitando preconceitos, dogmas, explorar a ignorância e os sentimentos atávicos como o instinto de sobrevivência, o medo e o sentimento de grupo ou rebanho é uma fórmula infalível para a manipulação da opinião pública e das multidões.

Da apelação para o sacrifício da racionalidade se valem todas as doutrinas autoritárias, inclusive doutrinas políticas como o fascismo, ou simplesmente místicas comerciais como a sopa de letras de Paulo Coelho ou Edir Macedo.


Fonte: http://blogdeluizbrasileiro.blogspot.com.br/2014/05/normal-0-21-false-false-false.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário