NÓS, BRASILEIROS, SOMOS INFERIORES. É O QUE TROMBETEIA A IMPRENSA CANALHA
Eis os parágrafos iniciais da notícia Brasileiro produz abaixo da média mundial, de Mariana Schreiber, Folha de S. Paulo:
"A produtividade do trabalhador brasileiro está abaixo da média mundial e tem evoluído em ritmo bem menor do a que a dos trabalhadores de outros países emergentes.
Um brasileiro produziu no ano passado, em média, um quinto da riqueza gerada por um americano, um terço da de um sul-coreano e cerca da metade da de um argentino, calcula a consultoria americana Conference Board.
De 2005 a 2010, a produtividade do brasileiro cresceu em média 2,1% ao ano, taxa inferior as de China (9,8%), Índia (5,8%) e Rússia (3,2%).
Segundo economistas, isso ajuda a explicar a perda de competitividade do produto brasileiro e o aumento da inflação no país. Na medida em que a remuneração cresce mais rápido que a produtividade, produtos e serviços tendem a ficar mais caros".
Para os economistas do sistema, esta é uma enoooorme preocupação. Medindo o desempenho de trabalhadores com critérios mais apropriados para bestas de carga, concluem que somos inferiores, preguiçosos e indisciplinados.
Jamais se colocam a óbvia questão: o brasileiro deve produzir mais para quê, se o retorno do seu trabalho, para si próprio, é um quinto do que recebe um estadunidense (americanos somos todos, dona repórter colonizada...) e metade do que ganha um argentino -- quanto ao sul-coreano, bem, asiáticos costumam consentir em serem superexplorados.
E uma questão mais geral: produzir mais para quê, se o volume do que o mundo inteiro produz é mais do que suficiente para a quantidade de seres humanos existente? O xís da questão é o que se produz e como se reparte.
Além de o aumento desnecessário da produção bruta, sob o capitalismo, implicar agressões cada vez maiores ao ambiente, aproximando-nos de cenários apocalípticos.
Mas, como está bem exemplificado na notícia acima citada, a indústria cultural martela dia e noite os valores do sistema nas cabeças bovinizadas. E, exatamente como previa Marcuse, as minorias dotadas de espírito crítico não conseguem prover o antídoto na mesma escala do veneno; quanto muito, plantam a semente da dúvida em pequenos contingentes.
O represado no nível da consciência, contudo, tende a eclodir em explosões de rebelião aparentemente confusas quanto a objetivos maiores -- como a onda de revoltas na Europa e nos países árabes.
Aprisionados pela racionália que a lavagem cerebral capitalista impõe avassaladoramente, os revoltosos não conseguem discernir os caminhos de sua libertação.
Ainda assim, estes passam necessariamente pela rebelião.
E será posicionados ao lado dos rebeldes que poderemos, de dentro, tornar mais consequentes esses movimentos.
Os que os ficam de fora a criticá-los são tudo, menos revolucionários.
Fonte: http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
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